o vento murmurava enraivecido ao meu ouvido, parecia incomodar-lhe a minha presença - provavelmente também queria estar sozinho - mas após encontrar um bom sitio, e mostrando-lhe que a minha vontade não mudara, sentei-me á beira da água e fiquei parada em silêncio. diante daquela imensidão, deixei que as ondas compusessem o único som que se ouvia e enquanto olhava atentamente para o horizonte, lágrimas persistentes insistiam em molhar o meu rosto e após alguma resistência minha, lá acabaram por cair diversas vezes. só me restava mentir para poder acreditar, que estavas comigo para me beijar de novo, como o mar beijava aquela areia. confiei-lhe que nada me dói mais do que esta saudade e não houve outra coisa senão isso que tivesse feito naquela tarde, além de lhe contar os sentimentos que me proporcionas e que fazem a minha alma naufragar nas suas águas.